Peço
desde já para que perdoem a quebra de raciocínio lógico. Meu
manuscrito é uma sequência atemporal e minhas ideias avolumam-se e
se tornam enormes bolhas criativas, então, no momento mais excitante
da narrativa sou interrompida. Elas se libertam da bolha e
ao revoarem, zombam de mim, apontam o dedo e riem. Idiota, elas
gritam-me. Eu me desespero, fico lendo o que escrevi, noto que elas
vão mais longe, mais distantes, mais felizes e passam pelo ordinário
que me interrompeu e o agradecem. Ah malditas e vis ideias que me
deixam, ingratas e injustas. Se fosse possível, trazia um trovador e
lhe ordenava: “Traze-mas. Devolve-as a mim o que roubado foi-me. As
ideias, que as ordene obedientes, elas vos ouve caro, dá-me teu dom
oh sábio delas, alegra-me e alegrar-vos-ei. Regozijar-vos irá caro
poeta das doces, agudas e finas palavras". Mas
a ilusão acerca-me e ando às voltas com o impossível. Não sei
rimar, nem cantar, nem escrever.
Nenhum comentário:
Postar um comentário