No rádio música brega. Na noite uma lâmpada amarela acesa. Na madrugada um vazio no peito. Uma vontade de não sei o que, um desejo reprimido que não passa. Na solidão do quarto os olhos ardem, o buraco no peito aumenta, o desejo de alguém se faz mais forte. Na luz artificial da madrugada os olhos estalados, vermelhos, acompanham a fumaça do cigarro. A alma rodopia com ela, desfazendo-se ante os olhos, e a saudade lá, apertando as bordas do buraco, tudo mais profundo.
sábado, junho 28
sexta-feira, junho 20
Língua
Eu estava aprendendo alemão, ele português. Treinávamos juntos, eu conversava na língua dele, ele na minha. Na hora da transa usávamos uma língua só.
quarta-feira, junho 18
segunda-feira, junho 9
Faíscas do antigo
Era um detalhe sem importância
relegado aos desígnios do passado
relíquia entesourada da memória
que volta e meia surgia na discussão
Ela trazia o assunto para a conversa
ele saia brilhantemente pela tangente
ela esquecia do assunto por hora
ele rememorava uma e outra vez o prazer
relegado aos desígnios do passado
relíquia entesourada da memória
que volta e meia surgia na discussão
Ela trazia o assunto para a conversa
ele saia brilhantemente pela tangente
ela esquecia do assunto por hora
ele rememorava uma e outra vez o prazer
segunda-feira, junho 2
Meu amor feminino II
Quando nos encontramos pela segunda vez, eu conhecia aquelas curvas macias de memória. Lembrava o som de seu gozo, o riso de sua satisfação e o sabor de sua língua, café e cigarro. Ela não me sorriu. De fato estava com uma cara raivosa. Veio até mim e me deu um tapa, na multidão. Assustamos as pessoas ao redor. Seus olhos marejaram, os meus escorreram lágrimas. Nos abraçamos, e tocamos nossas línguas sem nos importar com a plateia. Alguns ficaram revoltados, outros aplaudiram, eu não ouvi nada, estava finalmente nos braços dela, e minha agonia tinha acabado.
Quando acordei ao lado dela, de novo a colcha vermelha, fiquei contando sua respiração, as pintas do nariz, os pelos da sobrancelha, e não fui embora até ela acordar e me dar o beijo da despedida, e a promessa do amanhã.
Copo de café
viraste um copo de café sobre a mesa
aquilo escorreu numa enxurrada
depois passou a pingar gotas grossas
parece nosso amor naquela leveza
os corações batendo em debandada
e foi embora, caindo de mim grossas lágrimas
aquilo escorreu numa enxurrada
depois passou a pingar gotas grossas
parece nosso amor naquela leveza
os corações batendo em debandada
e foi embora, caindo de mim grossas lágrimas
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