Impulso
fogo
fome
aroma
suspiro
despedida
sábado, janeiro 25
sexta-feira, janeiro 17
Conto: Declaração de amor em sangue
Um dia desses, brigamos. Gritei para que você sumisse da minha frente. Você fez frente a minha reivindicação, ficou. Matei você, a sangue frio, um corte na jugular, cenário de horror, a parede manchada, berrando meu crime. Arrastei você até o saco preto, tentei cortei alguns pedaços, fez uma sujeira maldita, até no teto tinha sangue. Sou fraca, falta força para desmembrar. Negro, estava negro tal qual a noite, o sangue, mas quando o dia resolveu nascer, foi ficando avermelhado, apodrecido. Desespero. Tinha tanto sangue, em todo lugar, eu cuspia teu sangue, dormimos abraçadinhos. E eu agarrada em seu tórax gelado. Não me atrevi a levantar a cabeça, ver sua garganta aberta me tiraria o sono.
A campainha tocou. Imagina que eu quase atendi? Tinha esquecido nossa escaramuça. Fiz silêncio, gritaram por mim. Entrega, disseram. Qual nada, aposto que era a vizinha doida para descobrir o motivo da briga. Continuei com meu trabalho sujo, sabão, faca, saco de lixo, jornal, fita isolante. Meu plano consistia em te cortar em pedaços, congelar e aos poucos me livrar do corpo. Mas que eu não consigo cortar nada, fico mole, tenho enjoos. E se eu te enterrar no quintal. Parece uma boa ideia, mas e pá? Não tenho. E abrir um buraco assim, fundo, e se eu não conseguir sair dele? Ai, que dúvida.
O que você acha querido? Enquanto eu tomo banho e tiro o sangue do cabelo loiro, fico pensando nas opções. São tantas. Nos filmes eles não ensinar como se livrar de um corpo sem fazer alarde, ou deixar rastros. Tiro o sangue debaixo das unhas, pinto-as de vermelho. Até agora, estou sem fome. Vou pedir pizza. Jogo um lençol sobre você, ainda de olhos abertos, mirando o jato de sangue no teto, teu próprio sangue. Te amo, querido.
quinta-feira, janeiro 16
Chamei-te flor
Te chamei de minha flor
te enrolei nas minhas asas
te levei pro meu sossego
e sossegamos juntos
você foi embora,
em debandada
buscar-te-ei, logo
minha flor
te enrolei nas minhas asas
te levei pro meu sossego
e sossegamos juntos
você foi embora,
em debandada
buscar-te-ei, logo
minha flor
sexta-feira, janeiro 3
Esperando
Fiquei esperando, meio ansiosa
aquele gelinho no estômago
você chegar,
sussurrar pra mim
palavras doces
de mentiras consentidas
aquele gelinho no estômago
você chegar,
sussurrar pra mim
palavras doces
de mentiras consentidas
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