Eu estava almoçando num restaurante
popular. Mais educadamente que o normal. Eu a vi. Eu me apaixonei. Eu
nunca tinha me apaixonado por mulheres antes, ou seja, eu era
heterossexual, mas veja só como são as coisas, eu nem a conhecia,
mas estava apaixonada.
Ela não me olhou, senão quando eu
estava indo embora, pois tenho pouca confiança, nunca chegaria nela.
Ela chegou em mim. Sentou a minha frente e perguntou se eu estava partindo. Ela tinha gotas de Júpiter em seus cabelos, cantava a
música que eu ouvia, e ela tinha mesmo, ela tinha. Saímos juntas do
restaurante. Sentamos em um banco na praça, e conversamos. Sobre
tudo, sobre ela, sobre mim, sobre meus medos, sobre os medos dela.
Aquele dia eu não voltei para o trabalho, nem voltei para casa. Aquele
dia acabou comigo deitada em uma cama de colcha vermelha, com uma
mulher gostosa sobre mim, e acabou também a minha virgindade. Eu
tinha 20 anos. Eu estava apaixonada pela primeira vez. Eu estava
andando no ar. Quando eu olhei para ela dormindo ao meu lado, eu me
perguntei o que eu tinha feito para conseguir aquilo. Eu não
merecia. E eu fui embora.