domingo, novembro 16

Alimento da alma

Calei todos os gritos do meu coração. Ele pedia por carinho, não há nada nesse mundo que o faça esquecer sua carência. Calei todos os gritos num copo de bebida doce e numa boca amarga. Gritei todos os meu medos... num gozo falso.

quinta-feira, novembro 13

Metido dentro de ti

Virgem nua
Um desejo 
em carne tua

Florir 
teu caminho
deleitar
meu corpo
em teu perfume

Colorir 
de vermelho-
-sangue
os versos 

de amor
que professo
em tua nua
sepultura

segunda-feira, novembro 10

Prometo teu fim

Vou me afogar dentro de você
pedir aos deuses teu sangue cru
me deleitar em teus braços
mastigar de tua carne
sorver de teus fluídos

Amansar esse medo
e no fim das contas

Meter em ti
meu espírito duro

E você irá gozar
de dor, de medo
de pavor!

sábado, novembro 8

Devaneios românticos

Já estou me vendo na cozinha apertada, o propósito é cozinhar alguma coisa comestível pro meu amor. Se vai sair, não sei, mas se é feito com carinho, há de se tragar com emoção.

Nos vemos deitados juntos, nem precisamos estar em cópula para nos sentirmos bem. Fazemos agrados um no outro, no rádio uma música a encher o ambiente, em nós dois, conversa mole, risos e paixão.

Me vejo junto da família. O primeiro encontro, eles me olhando meio assustados, o que eu tinha feito para conquistá-lo, sendo tão normal, sem grande beleza e tudo isso. O aperto de mão do sogro, o olhar meio azedo da sogra. A irmã perdida em seu próprio mundo adolescente.

Eu vejo até nossa primeira briga e depois a foda da reconciliação. Eu vejo tudo, e ele, beijando outra na tela do cinema, não vê porra nenhuma.

segunda-feira, novembro 3

Matando a gula

Doce de amendoim com cream cracker. Um pedaço de doce e um pedaço de sal. Os olhos observam o movimento da boca no espelho. É uma boca bem pequena, fina. Rebola o alimento de um lado para outro, um pedacinho de amendoim perdura no canto dos lábios, não usa a língua para tirá-lo, mas passa o dedo de leve por ali. Os tímpanos estouram com rock n roll, a boca se satisfaz com doce e sal, a barriga incha e o coração pesa. É saudade e é tédio. 

domingo, novembro 2

Sofrimento

Sentada na sarjeta e sobre mim, chuva fina. As lágrimas misturam com as gotas de água e ninguém percebe que sentada aqui, está uma alma atormentada. Um desejo incontrolável de fumar, mas essa chuva não me permite esse gosto. Tenho vontade de gritar alto. Quero que escutem meu desamor, quero compartilhar essa dor. Alguém que me ouça!

Sentou ao meu lado alguém. Não viro meus olhos na direção do outro corpo. Sinto que o acumulo de água na região dos olhos dele está maior que permite a fina garoa. Põe as mãos em concha e acende um cigarro. Consigo um trago antes de apagar. Encosto meu corpo ali. Não falo nada, ele entende tudo. Ele também está sofrendo.

Somos dois corpos andando na escuridão. O frio que nos consome, também nos aquece.
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